(Raul de Leôni)
Dentro do eterno giro
universal
Das cousas, tudo vai e
volta à alma da gente,
Mas, se nesse vaivém tudo
parece igual
Nada mais, na verdade,
Nunca mais se repete
exatamente...
Sim, as cousas são sempre
as mesmas na corrente
Que no-las leva e traz,
num círculo fatal;
O que varia é o espírito
que as sente
Que é imperceptivelmente,
E, assim, a vida é sempre
inédita, afinal...
Estado de alma em fuga
pelas horas,
Tons esquivos e trêmulos,
nuanças
Suscetíveis, sutis, que
fogem no Íris
Da sensibilidade
furta-cor...
E a nossa alma é a
expressão fugitiva das cousas
E a vida somos nós, que
sempre somos outros!...
Homem inquieto e vão que
não repousas!
Para e escuta:
Se as cousas têm espírito,
nós somos
Esse espírito efêmero das
cousas,
Volúvel e diverso,
Variando, instante a
instante, intimamente,
E eternamente,
Dentro
da indiferença do Universo!...
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