O mistério eterno do Universo é a sua compreensão.”
(ALBERT EISTEIN)

Translate

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Recado de São Francisco de Assis


Recado de São Francisco de Assis

   "Sei que lágrimas de dor vertes agora dos teus olhos, dia em que teu cão se foi, e se afastou de ti e se aproximou de Deus. Todavia, dou-te uma nota feliz neste dia tão triste: jamais Deus teria sido injusto com os animais! Por isso, não importa quem está nascendo ou morrendo, há sempre alguém chamando por ti: VIVA! 
   Agora mesmo, neste exato instante em que choras, teu anjo amado segue e evolui... Brilha na imensidão do espaço e volta, manso e feliz ao aconchego das almas! Com tua mania racional, teimas em duvidar, mas nada importa, senão continuar a VIVER! As hostes dos Anjos e Francisco cuidam das luzes em pelos e preparam suas patas para uma nova vida.
   Enxuga teu rosto e acredita! Fizeste a parte que te cabe no mundo... Um sonho jamais termina num último miado nem se pode calar os latidos de um dia. Então podemos crer novamente. VIVA!
   É que o Criador adora suas crias! E deixa que elas permaneçam sempre vivas na memória dos que ficam... Elas cumpriram com o seu Divino mandato: Amar- te!"

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A luta dos opostos


A LUTA DOS OPOSTOS



Grande Mestre dizia: –“Buscai a iluminação que tudo mais se vos dará por acréscimo”. O pior inimigo da iluminação é o “Eu”. É necessário saber que o “Eu” é um nó no fluir da existência, uma obstrução fatal no movimento e no fluxo da vida. Foi feita a seguinte pergunta a um Mestre: – “Qual é o caminho”? – “Que magnífica montanha” – disse o Mestre referindo-se à montanha que havia em seu retiro. – “Não pergunto acerca da montanha senão acerca do caminho”. – “Enquanto não possas ir mais além da montanha não poderás encontrar o caminho” – replicou o Mestre. Outro monge fez a mesma pergunta ao mesmo Mestre que respondeu: – “Está além, justamente diante de teus olhos”. – “Por que não posso vê-lo”? – “Porque tens idéias egoístas”.  – “Poderei vê-lo senhor”? – “Enquanto tenhas uma visão dualista e digas: eu não posso ou coisas desta natureza, teus olhos estarão obscurecidos por essa visão relativa”. – “Quando não houver nem eu nem tu é possível vê-lo”?  – “Quando não houver nem eu nem tu quem quer ver”? O fundamento do “Eu” é o dualismo da mente. O “Eu” é sustentado pelo batalhar dos opostos. Todo racionalismo fundamenta-se no batalhar dos opostos. Quando dizemos: “fulano de tal é alto” queremos dizer que não é baixo. Quando dizemos: “estou entrando”, queremos dizer com isto que não estamos saindo. Quando dizemos: “estou alegre”, afirmamos com isto que não estamos tristes etc. Os problemas da vida não são senão formas mentais com dois pólos: um positivo e outro negativo. Os problemas se sustentam na mente e também são criados pela mente. Quando deixamos de pensar, inevitavelmente o problema termina. Alegria e tristeza; prazer e dor; bem e mal; triunfo e derrota representam o batalhar dos opostos, mecanismo no qual se fundamenta o “Eu”. Toda a vida miserável que vivemos vai de um oposto a outro: triunfo-derrota; gostodesgosto; prazer-dor; fracasso-êxito; isto-aquilo etc. Necessitamos libertar-nos da tirania dos opostos e isso só será possível quando aprendermos a viver, de instante a instante, sem abstrações de nenhuma espécie, sem sonhos, sem fantasias. Havereis observado como as pedras do caminho ficam pálidas e puras depois de um aguaceiro? A pessoa só pode murmurar um “ó” de admiração. Nós devemos compreender esse “ó” das coisas, sem deformarmos essa exclamação divina com o batalhar dos opostos. Joshu perguntou ao Mestre Nansen: – “O que é o Tao”? – “A vida comum”– respondeu Nansen. – “Como se faz para se viver de acordo com ela”?
– “Se tratas de viver de acordo com ela, fugirá de ti... Não trates de cantar essa canção, deixa que ela cante por si mesma. Acaso o humilde soluço não vem por si só”? Meus irmãos, recordem neste Natal a seguinte frase: “A Gnosis se vive em fatos, morre nas abstrações e é difícil de ser encontrada mesmo nos pensamentos mais nobres”. Perguntaram ao Mestre Bokujo: – “Temos que nos vestir e comer todos os dias. Como poderíamos escapar disso”? O Mestre replicou: – “Comendo e vestindo”.   E o discípulo falou: – “Não compreendo”. O Mestre então respondeu: – “Então se vista e coma”. Esta é a ação livre dos opostos: comermos e nos vestirmos. Por que fazermos disto um problema? Por que ficarmos pensando em outras coisas enquanto comemos e nos vestimos? Se você está comendo, coma; se você está se vestindo, vista-se; se você está andando pela rua, ande, ande, ande... porém, não pense em outra coisa. Realize unicamente o que você está fazendo, não fuja dos fatos, não os encha com tantos significados, símbolos, sermões e advertências. Viva sem alegorias; viva com a mente receptiva de instante a instante. Amadíssimos irmãos gnósticos que hoje celebram conosco a Festa do Natal, compreendam que estou falando da via-da-ação, livre do batalhar doloroso dos opostos. Ação sem distrações, sem escapatórias, sem fantasias, sem abstrações de nenhuma espécie. Amadíssimos irmãos, modifiquem seus caracteres através da ação-inteligente, livre do batalhar dos opostos. Quando as portas da fantasia são fechadas, o órgão da intuição é despertado. A ação, livre do batalhar dos opostos, é ação intuitiva, é ação plena. Onde houver plenitude o “Eu” estará ausente.  A ação intuitiva nos conduz diretamente ao despertar da Consciência. Trabalhemos e descansemos felizes abandonando-nos ao curso da vida. Esgotemos a água turva e podre do pensamento habitual para que, no Vazio, a Gnosis possa fluir e possibilite a alegria de viver. Esta ação-inteligente, livre do batalhar dos opostos nos leva a um ponto no qual algo deve romper-se. Quando tudo marcha bem, rompe-se a rigidez do pensar e, então, a Luz e o Poder do Íntimo penetram como torrentes na mente que deixou de sonhar. Portanto, no mundo físico e fora dele, durante o sono do corpo material, viveremos totalmente conscientes e iluminados, gozando nos mundos superiores da felicidade da vida. Esta tensão contínua da mente, esta disciplina, nos leva ao despertar da Consciência. Quando estamos comendo e pensando em negócios, é claro que estamos sonhando; quando estamos dirigindo um automóvel e estamos pensando na nossa noiva, é lógico que não estamos despertos, estamos sonhando; quando estamos trabalhando e ao mesmo tempo recordando do compadre, da comadre, do amigo ou do irmão, etc., é claro que estamos sonhando. A gente vive sonhando no mundo físico e também nos mundos internos, durante os períodos em que o corpo físico está dormindo. É necessário deixarmos de sonhar nos mundos internos. Quando deixarmos de sonhar no mundo físico despertaremos aqui e agora e esse despertar se efetivará também nos mundos internos. “Buscai primeiro a iluminação que tudo mais vos será dado por acréscimo”. Quem está iluminado vê o caminho e quem não está iluminado não pode ver o caminho. Nesse caso, pode extraviar-se facilmente no caminho, vindo a cair no Abismo.
É terrível o esforço e a vigilância que se necessita, de segundo em segundo, de instante em instante, para não se cair em sonhos e ilusões. Basta um minuto de descuido e já a mente estará sonhando ao recordar-se de algo, ao pensar em alguma coisa distinta do trabalho ou do fato que estamos vivendo no momento. Quando no mundo físico aprendermos a ficar despertos de instante a instante, nos mundos internos, durante as horas de sono do corpo físico – e também depois da morte – viveremos despertos e autoconscientes de instante a instante. É doloroso saber que a Consciência de todos os seres humanos dorme e sonha profundamente, não somente durante as horas de repouso do corpo físico senão, e também, durante esse estado chamado ironicamente de “estado de vigília”. A ação livre do dualismo mental produz o despertar da Consciência.

(Capítulo 7 do livro Técnica para dissolução do Ego de Samael Aun Weor)