O mistério eterno do Universo é a sua compreensão.”
(ALBERT EISTEIN)

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quinta-feira, 4 de junho de 2015

A luta dos opostos


A LUTA DOS OPOSTOS



Grande Mestre dizia: –“Buscai a iluminação que tudo mais se vos dará por acréscimo”. O pior inimigo da iluminação é o “Eu”. É necessário saber que o “Eu” é um nó no fluir da existência, uma obstrução fatal no movimento e no fluxo da vida. Foi feita a seguinte pergunta a um Mestre: – “Qual é o caminho”? – “Que magnífica montanha” – disse o Mestre referindo-se à montanha que havia em seu retiro. – “Não pergunto acerca da montanha senão acerca do caminho”. – “Enquanto não possas ir mais além da montanha não poderás encontrar o caminho” – replicou o Mestre. Outro monge fez a mesma pergunta ao mesmo Mestre que respondeu: – “Está além, justamente diante de teus olhos”. – “Por que não posso vê-lo”? – “Porque tens idéias egoístas”.  – “Poderei vê-lo senhor”? – “Enquanto tenhas uma visão dualista e digas: eu não posso ou coisas desta natureza, teus olhos estarão obscurecidos por essa visão relativa”. – “Quando não houver nem eu nem tu é possível vê-lo”?  – “Quando não houver nem eu nem tu quem quer ver”? O fundamento do “Eu” é o dualismo da mente. O “Eu” é sustentado pelo batalhar dos opostos. Todo racionalismo fundamenta-se no batalhar dos opostos. Quando dizemos: “fulano de tal é alto” queremos dizer que não é baixo. Quando dizemos: “estou entrando”, queremos dizer com isto que não estamos saindo. Quando dizemos: “estou alegre”, afirmamos com isto que não estamos tristes etc. Os problemas da vida não são senão formas mentais com dois pólos: um positivo e outro negativo. Os problemas se sustentam na mente e também são criados pela mente. Quando deixamos de pensar, inevitavelmente o problema termina. Alegria e tristeza; prazer e dor; bem e mal; triunfo e derrota representam o batalhar dos opostos, mecanismo no qual se fundamenta o “Eu”. Toda a vida miserável que vivemos vai de um oposto a outro: triunfo-derrota; gostodesgosto; prazer-dor; fracasso-êxito; isto-aquilo etc. Necessitamos libertar-nos da tirania dos opostos e isso só será possível quando aprendermos a viver, de instante a instante, sem abstrações de nenhuma espécie, sem sonhos, sem fantasias. Havereis observado como as pedras do caminho ficam pálidas e puras depois de um aguaceiro? A pessoa só pode murmurar um “ó” de admiração. Nós devemos compreender esse “ó” das coisas, sem deformarmos essa exclamação divina com o batalhar dos opostos. Joshu perguntou ao Mestre Nansen: – “O que é o Tao”? – “A vida comum”– respondeu Nansen. – “Como se faz para se viver de acordo com ela”?
– “Se tratas de viver de acordo com ela, fugirá de ti... Não trates de cantar essa canção, deixa que ela cante por si mesma. Acaso o humilde soluço não vem por si só”? Meus irmãos, recordem neste Natal a seguinte frase: “A Gnosis se vive em fatos, morre nas abstrações e é difícil de ser encontrada mesmo nos pensamentos mais nobres”. Perguntaram ao Mestre Bokujo: – “Temos que nos vestir e comer todos os dias. Como poderíamos escapar disso”? O Mestre replicou: – “Comendo e vestindo”.   E o discípulo falou: – “Não compreendo”. O Mestre então respondeu: – “Então se vista e coma”. Esta é a ação livre dos opostos: comermos e nos vestirmos. Por que fazermos disto um problema? Por que ficarmos pensando em outras coisas enquanto comemos e nos vestimos? Se você está comendo, coma; se você está se vestindo, vista-se; se você está andando pela rua, ande, ande, ande... porém, não pense em outra coisa. Realize unicamente o que você está fazendo, não fuja dos fatos, não os encha com tantos significados, símbolos, sermões e advertências. Viva sem alegorias; viva com a mente receptiva de instante a instante. Amadíssimos irmãos gnósticos que hoje celebram conosco a Festa do Natal, compreendam que estou falando da via-da-ação, livre do batalhar doloroso dos opostos. Ação sem distrações, sem escapatórias, sem fantasias, sem abstrações de nenhuma espécie. Amadíssimos irmãos, modifiquem seus caracteres através da ação-inteligente, livre do batalhar dos opostos. Quando as portas da fantasia são fechadas, o órgão da intuição é despertado. A ação, livre do batalhar dos opostos, é ação intuitiva, é ação plena. Onde houver plenitude o “Eu” estará ausente.  A ação intuitiva nos conduz diretamente ao despertar da Consciência. Trabalhemos e descansemos felizes abandonando-nos ao curso da vida. Esgotemos a água turva e podre do pensamento habitual para que, no Vazio, a Gnosis possa fluir e possibilite a alegria de viver. Esta ação-inteligente, livre do batalhar dos opostos nos leva a um ponto no qual algo deve romper-se. Quando tudo marcha bem, rompe-se a rigidez do pensar e, então, a Luz e o Poder do Íntimo penetram como torrentes na mente que deixou de sonhar. Portanto, no mundo físico e fora dele, durante o sono do corpo material, viveremos totalmente conscientes e iluminados, gozando nos mundos superiores da felicidade da vida. Esta tensão contínua da mente, esta disciplina, nos leva ao despertar da Consciência. Quando estamos comendo e pensando em negócios, é claro que estamos sonhando; quando estamos dirigindo um automóvel e estamos pensando na nossa noiva, é lógico que não estamos despertos, estamos sonhando; quando estamos trabalhando e ao mesmo tempo recordando do compadre, da comadre, do amigo ou do irmão, etc., é claro que estamos sonhando. A gente vive sonhando no mundo físico e também nos mundos internos, durante os períodos em que o corpo físico está dormindo. É necessário deixarmos de sonhar nos mundos internos. Quando deixarmos de sonhar no mundo físico despertaremos aqui e agora e esse despertar se efetivará também nos mundos internos. “Buscai primeiro a iluminação que tudo mais vos será dado por acréscimo”. Quem está iluminado vê o caminho e quem não está iluminado não pode ver o caminho. Nesse caso, pode extraviar-se facilmente no caminho, vindo a cair no Abismo.
É terrível o esforço e a vigilância que se necessita, de segundo em segundo, de instante em instante, para não se cair em sonhos e ilusões. Basta um minuto de descuido e já a mente estará sonhando ao recordar-se de algo, ao pensar em alguma coisa distinta do trabalho ou do fato que estamos vivendo no momento. Quando no mundo físico aprendermos a ficar despertos de instante a instante, nos mundos internos, durante as horas de sono do corpo físico – e também depois da morte – viveremos despertos e autoconscientes de instante a instante. É doloroso saber que a Consciência de todos os seres humanos dorme e sonha profundamente, não somente durante as horas de repouso do corpo físico senão, e também, durante esse estado chamado ironicamente de “estado de vigília”. A ação livre do dualismo mental produz o despertar da Consciência.

(Capítulo 7 do livro Técnica para dissolução do Ego de Samael Aun Weor)

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