“O sentido de
liberdade é algo que ainda não foi entendido pela humanidade. Sobre o conceito
de liberdade, traçado sempre de forma mais ou menos equivocada, cometeram-se gravíssimos
erros.
(...)
Cada vez que se luta pela liberdade,
apesar das vitórias, termina-se defraudado. Tanto sangue derramado inutilmente
em nome da liberdade, porquanto continuamos escravos de nós mesmos e dos
demais. As pessoas lutam por palavras que nunca entenderam, ainda que os
dicionários as expliquem gramaticalmente.
A liberdade é algo que deve ser alcançada dentro de si mesmo. Ninguém
consegue a liberdade fora de si próprio.
Cavalgar pelo ar é uma frase oriental
que alegoriza o sentido da genuína liberdade. Ninguém poderia experimentar a
liberdade enquanto sua consciência continuasse engarrafada no si mesmo, no mim
mesmo. Compreender este eu mesmo, minha pessoa, o que eu sou, é urgente quando
se quer sinceramente conseguir liberdade. De modo algum poderíamos destruir os
grilhões da escravidão sem ter antes compreendido toda a questão do meu, disto
que pertence ao eu, ao mim mesmo.
Em que consiste a escravidão? O que é
que nos mantém escravos? Que grades são estas? Tudo isto precisamos descobrir.
Ricos e pobres, crentes e descrentes,
todos estão formalmente presos, ainda que se considerem livres. Enquanto a
consciência, a essência, o mais digno e decente que existe dentro de nós,
continue engarrafada no si mesmo, no mim mesmo, no eu mesmo, nos meus apetites
e temores, nos meus desejos e paixões, nos meus preconceitos e violências, nos
seus defeitos psicológicos, estará na prisão formal.
O sentido da liberdade só poderá ser
compreendido integralmente quando os grilhões do nosso próprio cárcere psicológico
forem aniquilados. Enquanto o eu mesmo existir, a consciência estará na prisão.
A fuga dessa cadeia só é possível através da aniquilação budista: dissolução do
eu, redução do eu a cinzas, a poeira cósmica. Então, a consciência livre,
desprovida de eu, na ausência absoluta do mim mesmo, sem desejos, sem paixões,
sem apetites nem temores, experimenta de forma direta a verdadeira liberdade.
Conceito sobre liberdade não é liberdade.
As opiniões que formamos sobre liberdade estão longe de refletir a realidade. As
ideias que forjamos sobre o tema nada tem que ver com a autêntica liberdade.
Ela é algo que temos de experimentar de forma direta e isso só é possível com a
morte psicológica, através da dissolução do eu, quando se acaba para sempre com
o mim mesmo.
De nada serve continuar sonhando com a
liberdade se de todas as maneiras prosseguimos como escravos. Mais vale ver-nos
assim como somos, observar cuidadosamente todos esses grilhões da escravidão,
os quais nos mantém na prisão formal. Auto conhecendo-nos, vendo o que somos
interiormente, descobriremos a porta da autentica liberdade".
(Samael aun Weor
– “A GRANDE REBELIÃO”).
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