“Entre os Antigos Egípcios, Entusiasmo significa transe,
arrebatamento, ligação dom Deus. O Entusiasmo é Ágape, dirigido a alguma ideia, alguma coisa. Todos nós já passamos
por isto. Quando amamos e acreditamos do fundo de nossa alma em algo, nos
sentimos mais fortes que o mundo, e somos tomados de uma serenidade que vem da
certeza de que nada poderá vencer nossa fé. Esta força estranha faz com que
sempre tomemos as decisões certas, na hora exata, e quando atingimos o nosso
objetivo ficamos surpresos com nossa capacidade. Porque, durante o Bom Combate,
nada mais tem importância, estávamos sendo levados através do Entusiasmo até
nossa meta.
O entusiasmo se manifesta
normalmente com todo seu poder nos primeiros anos de nossas vidas. Ainda temos
um laço forte com a divindade, e nos atiramos com tal vontade aos nossos
brinquedos, que as bonecas passam a ter vida e os soldadinhos de chumbo
conseguem marchar. Quando Jesus falou que era das crianças o reino dos Céus, ele
se referia a Ágape sob a forma de Entusiasmo. As crianças chegaram até ele sem
ligar para seus milagres, sua sabedora, os fariseus e os apóstolos. Vinham alegres,
movidas pelo Entusiasmo.
Normalmente deixamos que o
Entusiasmo escape de nossas mãos em pequenas coisas, que não tem a menor
importância diante da grandeza de cada existência. Perdemos o Entusiasmo por
caos de nossas pequenas e necessárias derrotas durante o Bom Combate. E como
não sabemos que o Entusiasmo é uma força maior, voltada para a vitória final,
deixamos que ele escape por nossos dedos, sem notar que estamos deixando
escapar também o verdadeiro sentido de nossas vidas. Culpamos o mundo por nosso
tédio, por nossa derrota, e esquecemos que fomos nós que deixamos escapar essa
força arrebatadora que justifica tudo, a manifestação de Ágape sob a forma de
Entusiasmo.”
(do livro: O DIÁRIO DE UM MAGO – de PAULO COELHO)
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