O diálogo com a
natureza é profundamente sábio e por demais fascinante. Para melhor sentirmos
esse encantamento, vejamos o que dizem dois personagens de Hermann Hesse,
durante uma conversa altamente erudita:
“Ama as
águas! Não te afaste delas! Aprende o que te ensinam! Conversa com o rio. Ele
sabe tudo e tudo podemos aprender dele. Dizem-me, então, se o rio também não
comunicou o misterioso fato de que o tempo não existe? Sim, acho que referes ao
fato de que o rio se encontra ao mesmo tempo em toda parte, na fonte tanto como
na foz, nas cataratas e na balsa, nos estreitos, no mar e na serra, em toda
parte, ao mesmo tempo, de que para ele há apenas o presente, mas nenhuma sombra
do passado nem do futuro. Não é isso que queres dizer? Sim.
O rio tem
muitas vozes, não é, meu amigo? Não te parece que ele tem a voz de um rei e a
de um guerreiro, a voz de um touro e a de uma ave noturna, a voz de uma
parturiente e a do homem que suspira, e inúmeras outras ainda? Tens razão. Na
sua voz encontram- se as vozes de todas as criaturas. Ele é Deus! Ele é a
eternidade! Ele é o mestre dos mestres.”
Quão importante
é entender a sua linguagem!
Depois um desses personagens
apanhou uma pedra e displicentemente disse:
“Isto é
uma pedra, mas daqui algum tempo talvez seja terra, e da terra se transformará
numa planta, ou num animal, ou ainda num homem”. “Em outra época, quem sabe, eu
teria dito: “Essa pedra é apenas uma pedra. Não tem nenhum valor. Pertence ao
mundo da Maia. Como, no entanto, pode acontecer que, no decorrer do ciclo das
metamorfoses, ela se converta num ser e adquira espírito, presto certa atenção
a ela. Eis o que, provavelmente eu teria pensado naqueles tempos. Hoje, porém,
raciocino assim. Esta pedra é pedra, mas
é também animal, é também Deus, é Buda. Não lhe tributo reverência ou amor,
porque ela é um dia talvez possa se tornar isso ou aquilo, senão porque é tudo isso,
desde sempre e sempre.”
Conversar com a
natureza é sentir-se integrado com ela. Integrar-se conscientemente com ela, é
viver em harmonia com suas leis, viver em desacordo com os seus princípios
reais é sair do equilíbrio planejado e posto em prática pela engenharia
cósmica, tal comportamento afasta o homem, particularmente o homem contemporâneo,
da sua verdadeira mãe, a Natureza.
(Do livro: IOGA PARA TODOS – De Antenor Batista)
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