O mistério eterno do Universo é a sua compreensão.”
(ALBERT EISTEIN)

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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Alma segundo Malchus Porphyrius

         A ALMA segundo Malchus Porphyrius

            “A alma incorporada é como um viajante que viveu há muito tempo entre nações estrangeiras, e, portanto, tinha não apenas esquecido os costumes do próprio país, mas também adotado aqueles dos estrangeiros. Quando tal viajante retorna de sua viagem e deseja ser bem-vindo pelos seus amigos e parentes, ele tenta impor suas maneiras estrangeiras, e retorna novamente ao seu modo antigo de agir e pensar. Igualmente, a alma, enquanto banida de seu lar celestial, e sendo forçada a habitar uma forma física, adquire certos hábitos desta última, se ela deseja retornar ao seu estado antigo, ela deve deixar de lado tudo o que havia adotado da sua forma terrestre. Ela deve tentar retirar não apenas a máscara física grosseira com o qual está vestida, mas também suas capas interiores, para que ela possa entrar, digamos, em um estado de nudez no reino da bem aventurança.”

            Há duas fontes venenosas das quais o homem bebe o esquecimento da sua condição anterior e que o torna esquecido de seu destino futuro: a dor e o prazer sensual. Pelas ações desses dois mas especialmente pelas ações do último, desejos e paixões são criados, e estes atraem a alma para a matéria e se tornam a causa de sua corporificação. Então, a alma é, por assim dizer, pregada ao corpo, e o veículo etéreo da alma se torna denso e pesado.
            Deveríamos evitar tudo que pode excitar a sensualidade, porque sempre que a sensualidade estiver em atividade, a razão e a inteligência pura cessam suas atividades. Deveríamos, portanto, nunca comer pelo mero prazer de comer, mas comer apenas o necessário para alimentar corpo. O supérfluo, e especialmente a comida animal, fortalece os laços que amarram à matéria, e afasta da divindade e das coisas divinas.
            O sábio, sendo um sacerdote de Deus, deveria procurar permanecer livre de todas as impurezas enquanto estivesse no templo da natureza, e nunca deveria esquecer da sua dignidade à medida que se aproxima da fonte de toda a vida, enquanto ele mesmo constitui uma fonte para os corpos dos animais mortos. Para a sua alimentação, deveria selecionar apenas as dádivas puras de sua mãe terrestre. Se pudéssemos evitar todos os tipos de comida, tornar-nos-íamos ainda mais espirituais. Redefinindo-nos à diferença existente entre as coisas corpóreas e incorpóreas, Porfhyrius diz:

            “O incorpóreo rege ao corpóreo, e, portanto, está presente em toda parte, embora não em espaço, mas em poder. A existência corpórea das coisas não pode impedir o incorpóreo de estar presente nas coisas com as quais deseja estar relacionado. Portanto, a alma tem o poder de ampliar a sua atividade para qualquer local que ela quiser. Ela é um poder que não tem limites, e cada parte dela, sendo independente de condições especiais, pode estar presente em qualquer lugar, desde que ela seja pura e inalterada como matéria. As coisas não agem umas sobre as outras meramente pelo contato de suas formas corpóreas, mas também à distância, desde que elas tenham uma alma, porque os elementos mais elevados da alma estão em toda parte e não podem ser enclausurados no corpo, com um animal em uma prisão ou um líquido em uma garrafa. A alma universal, sendo essencialmente única e idêntica ao espírito supremo infinito, pode, pelo infinito do ultimo, descobrir ou produzir tudo, e uma alma individual pode fazer as mesmas coisas se ela estiver purificada e livre do corpo.
            O reino da alma, sendo semimaterial, tem seus habitantes com formas semimateriais (astral). Algumas delas são boas, outras más; algumas são gentilmente dispostas para o homem, outras são maliciosas. Ambas as classes têm corpos etéreos, porém mutáveis; as boas são mestres de seus corpos e desejos, as más são governadas pelos desejos de seus copos. Todas elas são poderes para o bem ou para o mal, divino, animal, ou influências diabólicas invisíveis criando, pelas suas atividades interiores, paixões, desejos, vícios e virtudes nas almas dos seres. Quanto mais perversas são, mais suas formas se aproximam do estado corpóreo. Assim, elas vivem na emanação da matéria, induzem os homens a assassinar e matar animais, desfrutando dos vapores que advêm de suas vítimas e engordam absorvendo as substâncias etéreas do moribundo. Portanto, elas estão sempre prontas a incitar os homens às guerras e aos crimes, e fazendo a coleta em grandes multidões em locais em que homens animais são mortos.”
           
            Porfhyrius ridiculariza a ideia de que os deuses, sendo mais inteligentes, mais poderosos e superiores ao homem, poderiam ser coagidos, persuadidos ou forçados a fazer a vontade do homem ou a se conformar com seus desejos.
            Ele repudia a teoria de que a clarividência, a profecia, etc., são o resultado da inspiração de deuses aparentes, mas diz que ela são uma função de Divino Espírito dentro do homem, e que o exercício dessas funções se torna possível quando a alma é colocada naquela condição necessária para exercê-la. “A consciência do homem pode estar centrada, dentro ou além de sua forma física, e, de acordo com as condições, um homem pode estar, digamos, fora de si mesmo ou dentro de si mesmo, ou em estado em que ele não está nem completamente fora nem dentro, mas desfruta de ambos os estados, ao mesmo tempo.”
            Ele também declara que existem muitos seres invisíveis que podem assumir todas as formas possíveis e que aparecem como deuses, homens ou demônios, e que gostam muito de mentir e de se disfarçar, e têm a pretensão de serem as almas de homens mortos.
            Diz-se que Porfhyrius levitou no ar diversas vezes durante as suas orações, até uma altura de dez metros ou mais e que, nessas ocasiões, seu corpo pareceu estar com uma luz dourada.
            “Os deuses estão em toda parte, e aquele cuja alma está plena dessa influência divina para exclusão das influências grosseiras, durante esse tempo, é o deus representado por influência, possuindo seus atributos e ideias. A natureza da união da alma dom Deus não pode ser intelectualmente concedida ou expressa em palavras; aquele que realiza isso é idêntico a Deus; ele é a própria divindade, e não há diferença entre ele e o ultimo. Os deuses não são invocados por nossos oradores, mas nós nos elevamos até eles por nossas próprias aspirações e esforços; nós estamos ligados a eles pelo poder abrangente do amor”.
           
Malchus Porphyrius foi um filósofo discípulo de Plotino; nasceu em Batanea, na Síria, no ano de 233 D.C. Faleceu em Roma no ano de 304 D.C. Diz-se que o único momento de sucesso durante sua vida foi ter obtido a união com Deus, enquanto seu professor Plotino foi quatro vezes abençoado dessa maneira.
           

(Do livro: “NOS PRONAOS DO TEMPLO DA SABEDORIA – UM ESTUDO SOBRE A FILOSOFIA ROSACRUZ” de Franz Hartman)



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